Esta análise é utilizada para a prevenção e reabilitação de lesões, e também para melhora da performance
Câmeras infravermelhas de alta velocidade coletam imagens em três dimensões através de marcadores espalhados pela pelve, perna e pé. Dessa forma, a biomecânica da marcha e da corrida pode ser analisada com softwares específicos. Esta é a descrição da avaliação da marcha e da corrida em 3D, que possui o sistema mais moderno disponível no mundo, o “3DGait”.
Reginaldo Fukuchi, fisioterapeuta com Mestrado na USP e Doutorado no Canadá, ambos em Biomecânica da Corrida, explica os benefícios deste teste. “Esta avaliação é utilizada para a melhora da performance ou na prevenção e/ou reabilitação de lesões. Mas, a performance, não pode ser associar apenas ao esporte, pois performance pode ser entendida como a melhora do desempenho motor de pessoas não esportivas como, por exemplo, pessoas com deficiência ou que tenham tido alguma doença ou cirurgia que não conseguem andar normalmente”, conta.
Viviane Abrunhosa, Doutora em Ciências Morfológicas e Mestre em Engenharia Biomédica, também fala sobre a importância desta avaliação. “O nosso corpo se comporta de forma diferente na postura estática e na dinâmica. Através de uma avaliação dinâmica (corrida ou marcha) podemos entender possíveis alterações que na estática não nos permite. Além disso, tanto a marcha como a corrida são bem descritas na literatura para usarmos como referência para uma análise, já que para qualquer gestual necessitamos da marcha e se pensarmos no esporte, a maioria utiliza a corrida como base”, completa a fisioterapeuta.
Esta análise trabalha para complementar outros procedimentos mais conhecidos. “A avaliação da marcha é inclusiva e pode ser usada como ferramenta diagnóstica, de acompanhamento do quadro clínico e também como ferramenta de reabilitação. Esta avaliação também auxilia os profissionais de saúde (médicos, fisioterapeutas, treinadores, etc.) a tomarem decisões assertivas sobre as condutas clínicas com os seus pacientes/clientes. É importante ressaltar, contudo, que a avaliação da marcha é um complemento (e não um substituto) para outras avaliações clínicas e de imagem que já existem”, comenta Reginaldo.
Apesar dos benefícios da avaliação em 3D, ela ainda não é muito conhecida no Brasil e precisa de um número maior de profissionais especializados. “Apesar de usar normalmente esta avaliação no meu trabalho, a minha impressão é que as pessoas estão buscando informações a esse respeito, mas essa avaliação ainda não é popular no Brasil. A grande barreira para o aumento da sua popularidade é, atualmente, os custos envolvidos na implementação deste serviço”, explica Fukuchi.
Viviane Abrunhosa também acha que a avaliação em 3D precisa ser mais divulgada. “Os profissionais da área conhecem este tipo de avaliação, mas a população em geral, não. Acredito que isso ocorra, pois geralmente os laboratórios que mais fazem este procedimento estão voltados mais para a pesquisa e dentro de universidade. Acho que em função da pouca divulgação, não existem muitas pessoas fazendo esse tipo de análise e aquelas que conhecem que não são da área, acham que é só para profissionais”, conclui Viviane.
Renata Mendes Dias
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